por Fábio de Amorim: professor de literatura, redação, jornalista e doutor em comunicação audiovisual
Instagram: @fdeamorims
Escrever é coisa séria e é divertido ao mesmo tempo. Sim, é verdade. É possível ensinar ao estudante, de qualquer idade, a delícia de criar textos. E, além disso, podemos, ao mesmo tempo, mostrar a responsabilidade que existe em se escrever algo. Então, é sobre isso que vou falar agora nesse post.
Os meus mais de vinte anos em salas de aula (como professor) e em redações dos veículos de comunicação onde trabalhei (como jornalista) me ensinaram muito. Fui editor de textos nas tevês por onde passei. Sempre corrigi ou criei textos jornalísticos e vi muitos tipos de textos com problemas, de gente que já era profissional. Já vi, no caso de estudantes, dificuldades extremas. Como de gente que mal conseguia criar uma frase completa com sentido coerente.
O que aprendi?
Bom, por exemplo: que na maioria das escolas ou se escreve pouco (e mal), ou se escreve muito (também de forma errada). E que somente no ensino médio se valoriza a escrita (com foco em vestibulares). Mas o ensino médio tem apenas três anos. O estudante tem de chegar no oitavo ou nono ano sabendo desenvolver um texto opinativo, argumentativo, minimamente, mas não é bem isso o que acontece. Dessa forma, os últimos três anos são sobrecarregados.
Então, qual o problema? Nós ficaríamos aqui discutindo horas e horas a educação brasileira. No entanto, vou reduzir essa discussão um pouco. O problema é o método e o objetivo. Primeiro, o objetivo: se ignora o quanto escrever é divertido. Ensina-se para tirar nota, para preparar para o Enem e demais vestibulares. Deve-se ensinar a escrever para criar pessoas articuladas, comunicativas, assertivas, com opiniões próprias e que sabem estruturar ideias em textos.
O que falta?
Brincar com palavras, fazer rimas (não se dá o devido valor para a poesia), ou construir frases divertidas. Brincar de descrever coisas, lugares, tentar adivinhar o que é a coisa só de ler a descrição do colega de classe. Ou ainda aprender palavras novas de forma divertida (o dicionário parece um bicho feio que fica escondido naquele canto escuro daquele móvel da casa que ninguém nunca chega perto – o google é útil, mas não é dicionário).
Agora em segundo, o método: não existe a valorização de debates (falando ou escrevendo). O debate desenvolve a capacidade de argumentar. Mas não só isso: estimula a pesquisa (é preciso saber do que se está falando), a organização de ideias, o trabalho em dupla (ou equipe). E também valoriza-se ouvir o outro, respeitá-lo, além de tentar convencer esse outro com fatos e argumentos, não com: “essa é minha opinião e não se discute”.
Onde sua filha (ou filho) entra nessa história?
Olha, prometo que vou contar no próximo post. Esse assunto rende muito e acho melhor dividir em partes digeríveis para todo mundo. Então, leia o próximo texto, “Escrever é coisa séria e é divertido – parte 2”.
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*Texto originalmente publicado no site caleidoscopiodeamorim.com/escrever-e-coisa-seria-e-e-divertido/