por Jocimara De Pieri (Instagram @recriar_pedagogico)
Os jogos são um recurso facilitador para quem tem dificuldades e distúrbios de aprendizagens. E eles podem ser usados especialmente no processo da aquisição da leitura e da escrita, que você vai ver ao final do texto, com exemplos práticos. Primeiro, uma explicação da importância dos jogos. Afinal, os distúrbios são um obstáculo, mas há formas de superá-lo.
E como podemos encontrar formas para encaminhar uma aprendizagem nessas condições? Bom, para começar, uma situação lúdica ajuda muito. Nos jogos é possível exercitar a habilidade de lidar com os sentimentos, que são despertados pelo próprio jogo. Também há os desafios, que provocam a competência para administrar situações cotidianas com eficácia. Nesse sentido, o jogo pode ser utilizado tanto no diagnóstico psicopedagógico quanto como recurso posterior de intervenção.
Mais vantagens do jogo na aprendizagem: uma brincadeira que ensina
Com o jogo a criança pode brincar naturalmente, testar hipóteses, explorar toda a sua espontaneidade criativa. Mas os jogos não são apenas uma forma de divertimento. Eles são meios que contribuem e enriquecem o desenvolvimento intelectual. Para manter o seu equilíbrio com o mundo a criança precisa brincar, criar e inventar. Com jogos e brincadeiras, ela desenvolve o seu raciocínio e conduz o seu conhecimento de forma descontraída e espontânea.
É nesse brincar que a criança constrói um espaço de experimentação, de transição, entre o mundo interno e externo. Ao desenvolver um trabalho com jogos não só desenvolve os aspectos cognitivos da criança, mas enfatiza, também, os aspectos afetivos e sociais.
Brincar também é uma terapia
Na terapia do brincar, a criança constrói a aprendizagem a partir da interação dele com o novo elemento. A atividade lúdica auxilia no diagnóstico e tratamento nas dificuldades de aprendizagens. Ou seja, dá para perceber, com os jogos, quando algo é muito difícil para a criança, ou que tipos de estímulos ela precisa para construir conhecimento.
Desenvolvimento da escrita e da leitura pelos jogos
Agora que você já sabe a importância dos jogos de maneira geral, vamos mostrar o que se pode fazer para desenvolver a escrita e a leitura usando os jogos. Seguem, abaixo, algumas dicas de jogos, com explicações das regras, do uso e imagens ilustrativas. Ah, e se precisarem tirar alguma dúvida, podem falar com a gente aqui da Recriar. Agora, divirtam-se com os jogos!!
Baralho Fonológico ou Trinca Mágica
– Componentes:
Trincas de figuras cujas palavras iniciem ou terminem com a mesma sílaba ou que rimem.
– Exemplos:
- Cavalo- Carros- Cachorros
- Cama- Rima- Lima
- Picolé- Pelé- Jacaré
– Finalidade:
Formar trincas de cartelas de figuras que iniciem ou terminem com a mesma sílaba, ou que rimem.
– Regras:
- Cada jogador recebe três cartas, o restante das cartas fica no centro da mesa, (as cartas viradas para baixo) formando o “morto”.
- O primeiro jogador inicia pegando uma cartela. Se formar trinca, ele a deposita sobre a mesa, virada para cima.
- O jogador descarta uma cartela no centro da mesa, voltada para cima.
- O jogador seguinte decide se pega a cartela do “morto” ou a que foi depositada pelo jogador anterior.
- Só pode pegar a cartela que está em cima.
- O jogo prossegue até que um dos jogadores coloque sobre a mesa duas trincas.
- Caso acabem as cartelas do morto e ninguém forme as trincas, as cartelas do resto são viradas para baixo e o jogo prossegue.
– Objetivos:
- Desenvolver a consciência fonológica.
- Perceber a lógica que se dá entre os sinais gráficos (letras) e a pauta sonora.
– Idade:
Esse jogo é indicado para crianças que se encontram na fase pré-silábica.
Batalha das palavras
– Componentes:
30 fichas com figuras cujos nomes variam quanto ao número de sílabas.
– Finalidade:
Vence o jogo quem tiver mais cartas ao final.
– Jogadores:
2 jogadores ou duas duplas.
– Regras:
- As fichas devem ser distribuídas igualmente entre os jogadores. Estes as organizam de forma que fiquem com as faces viradas para baixo, uma em cima da outra, formando um monte.
- O primeiro jogador desvira a primeira ficha de seu montinho ao mesmo tempo em que seu adversário também desvira uma ficha do montinho dele.
- Se duas palavras coincidirem quanto ao numero de sílabas, cada jogador deve desvirar mais uma ficha do seu montinho até que haja uma diferença quanto ao numero de sílabas. Nesse caso, o jogador que desvirar a ficha cuja palavra tiver maior numero de sílabas, leva todas as cartas desviradas na jogada.
- O vencedor será quem, ao final do jogo, conseguir ficar com o maior número de fichas.
– Objetivos:
- Compreender que as palavras são compostas por unidades sonoras (as sílabas).
- Identificar a sílaba como unidade fonológica.
- Segmentar palavras em sílabas.
- Comparar palavras quanto o número de sílabas.
– Idade:
Esse jogo é indicado para crianças que se encontram na fase pré-silábica.
Quem é a autora
Jocimara De Pieri, possui sólida experiência de 10 anos na rede pública onde exerceu a função de professora em educação infantil e ensino fundamental I. Atua como psicopedagoga desde 2017, é CEO da Recriar Acompanhamento Escolar & Orientação Pedagógica. Graduou-se em Pedagogia pela Faculdade Anhanguera Educacional, desde 2010. É Pós-graduada em Psicopedagogia Clínica e Institucional pelo Centro Universitário Fundação Santo André, desde 2015. Tem cursos de Extensão Universitária em Educação Inclusiva: PUC-SP – Faculdade de Ciências Humanas e da Saúde (2012). E ainda: Formação do Brinquedista – características das brinquedotecas e as contribuições psicológicas, pelo Centro Universitário Fundação Santo André (2014). Também fez diversos cursos de aperfeiçoamento e atualizações.