por Fábio de Amorim: professor de literatura, redação, jornalista e doutor em comunicação audiovisual
Instagram: @fdeamorims
Hora de Escrever é coisa séria e é divertido 2.
Bom, no post anterior (Escrever é coisa séria e é divertido – Parte 1 ) falei sobre o objetivo das escolas ao ensinar redação (vestibulares, tirar nota) e do método (não se valorizam os debates). Além disso, falei que escrever é coisa séria e é divertido também. Para isso, basta que se leve a diversão para a criação de textos e que se mostre a necessidade de haver responsabilidade com o que se escreve.
Mas deixei em aberto como seu filho e filha entram nessa discussão. Então, é isso o que farei agora.
A estudante está lá, no sexto, ou sétimo ano, por exemplo. Está no início de um novo ciclo (fundamental II). Assim, provavelmente aprendendo a contar histórias. Como começar a desenvolver o senso crítico em pessoas ainda tão pouco maduras? Cada escola tem seu jeito e muitos projetos são bons. Mas a aplicação em aulas de redação é falha. E envolve, enfim, muita leitura, discussão do que se lê, apresentação de trabalhos (artísticos ou não) do que se leu.
É preciso entender o processo de produzir textos
Por exemplo: não é necessário – como acontece em algumas boas escolas particulares – que os estudantes do fundamental II escrevam uma redação por semana, ou até três por mês. É muita coisa e isso não garante que absorvam bem a estrutura do tipo de texto que estão vendo em aula. O ideal é ficar mais tempo desenvolvendo, corrigindo, “vivendo” a mesma redação de maneira mais produtiva. Dessa forma, rever, reescrever é exercitar a autocrítica
Por isso, o ponto fundamental do método que estou explicando é que a criança precisa escrever algo e não abandonar depois. Como assim? Ela abandona assim que o professor corrige e entrega a nota. O processo está errado. Escrever é coisa séria (e divertido, claro). Primeiro você pensa sobre o que vai fazer, estuda, pesquisa, discute com outras pessoas. Tem ideias. Aí faz seu rascunho. Em seguida, lê procurando erros de gramática. Relê, enfim, procurando incoerências, falhas.
Aí vem a questão
Nenhum estudante faz isso. Esse processo não está na rotina escolar. Quando o professor, então, corrige e dá nota, a redação morre aí. O que deveria ser feito? A criança deveria refazer a redação até que ela fique correta (dar mais profundidade aos personagens, descrever melhor o cenário principal, mudar o final para algo mais criativo etc). Quando não houver mais nada a fazer com o texto pode-se pular para a próxima.
Por quê? O que se ganha com isso? Ora, o estudante se acostuma com o método, com o processo, se aprofunda mais nos próprios erros. Ou seja, não joga fora a redação nem apaga as redações “erradas”. E ainda cria um caderno de rascunhos, compara a redação nova com a velha, percebe a evolução, entende como saiu de um parágrafo confuso para um muito mais claro e objetivo. Portanto, é isso.
Montar carros e montar textos
A melhor metáfora que posso usar é a da linha de montagem de um carro. Porque a criança deve acompanhar cada etapa. E só deve mudar para a próxima quando tiver praticado e entendido bem a etapa em que está. Enquanto não aprender a fazer a carroceria direito, não vai colocar os pneus. No fim, ela verá o carro pronto, montado. E saberá o processo naturalmente. Depois, é outra fase (aprender a dirigir).
Achou interessante? Quer saber como aplicar essa metodologia na prática? Explico com mais detalhes no próximo post. Até lá!!
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*Texto originalmente publicado no site caleidoscopiodeamorim.com/escrever-e-coisa-seria-e-e-divertido-2