por Fábio de Amorim para Recriar (instagram.com/fdeamorims)
(Clique no link e veja a reportagem integral publicada originalmente no site caleidoscopiodeamorim.com, de Fábio de Amorim)
(Essa reportagem é um trecho da original e trata do histórico de Malala: desde quando tentaram matá-la – por causa de sua luta por uma educação inclusiva – até os dias de hoje)
A quem pertence uma escola?
A voz de Malala Yousufzai para uma educação transformadora estava só no começo. O clima era tenso no vale do Swat, no Paquistão, e havia a ameaça constante de que as escolas de meninas pudessem ser alvo de ataques do talibã (eu me recuso a escrever talibã com maiúsculas). Enquanto isso, Malala escrevia que muitas de suas colegas tinham se mudado para cidades maiores, como Lahore, Peshawar e Rawalpindi.
“Esta escola não pertence somente a mim”, disse Malala, “esta escola pertence às crianças que lutam por seus direitos. E isso prova que o povo do Paquistão quer a paz”.
Malala foi baleada aos 14 anos. Foi quando saía dessa mesma escola que defende com tanta paixão. “Minha mensagem é para as pessoas que se deparam com a tirania. Sempre que você vir alguém sendo oprimida, levante sua voz. Grite contra quem tenta tirar seu direito. Não tenha medo de ninguém”.
Malala não teve medo. E vai precisar de mais coragem. Porque o talibã declarou que se a jovem se salvar do ataque, vai tentar matá-la de novo. Na opinião do grupo terrorista, a lei islâmica é clara. Se qualquer mulher tiver algum papel na guerra contra eles, essa mulher tem de ser morta.
Uma influenciadora de verdade: Liberdade de expressão
(o trecho abaixo está escrito como se fosse na época em que ela foi baleada)
Malala está influenciando as jovens estudantes. E Tamana Jan é uma delas. A jovem se diz preocupada com seu país, o Paquistão, e além disso, com a situação do Afeganistão. Lá, a discriminação com a mulher é ainda pior. Tamana se preocupa quando chegar a hora das forças estrangeiras irem embora do Afeganistão. “Eu temo pelo futuro das meninas”, diz a estudante paquistanesa.
Horia Mosadiq trabalha na Anistia Internacional. Ela reflete sobre o que viveu ao lado de seus filhos: “Me preocupa ver um país que permite suas mulheres serem atacadas por ácido, granadas, envenenamento, ou que se permita que levem tiros na cabeça”, diz Horia.
Orações pela jovem Malala Yousufzai acontecem em Karachi. Como consequência do atentado, centenas de mulheres rezam pela recuperação da estudante e ativista.
Protestos surgem em Islamabad e Lahore. Além disso, mulheres paquistanesas marcharam pelas ruas, pedindo mais segurança e liberdade para todas as mulheres do país.
Até mesmo para a realidade sangrenta e cruel do Paquistão, o crime contra Malala provocou fúria no país. Desse modo, se os talibãs queriam calar as mulheres, conseguiram o efeito contrário.
Por que a voz de Malala é exemplo de educação transformadora? Por tudo isso. (Clique no link e entenda a importância dela para a educação)
Tempos depois: Consequências do efeito Malala
- Logo após o atentado, em 2012, Malala Yousufzai esteve internada em um hospital de Birmingham. Mesmo tendo perceptível melhora, ainda assim manifestou sintomas de infecção. Ela contou sua história e a de 66 milhões de meninas que não podem estudar. Seu livro foi publicado em 2013 com o título Eu sou Malala.
- Em 19 de março de 2013, Malala teve seu primeiro dia de aula em Birmingham, centro da Inglaterra. “Acho que voltar para a escola é o momento mais feliz da minha vida. Era com isso que sonhava, com todas as crianças tendo o direito de ir à escola”
- Em 2014 Malala Yousafzai se tornou a pessoa mais jovem a receber um prêmio Nobel da Paz. Malala formou em Oxford em 2020. Lá ela estudou política, filosofia e economia na faculdade Lady Margaret Hall. Em 12 de julho de 2021 fará 24 anos.
“Sei que às vezes existe raiva ou falta de esperança, mas a sua luta e o seu ativismo têm o poder de fazer mudanças. Vocês não devem esperar que alguém fale por vocês. Vocês sempre têm de erguer suas vozes“, disse Malala, em sua visita ao Brasil, quando lhe perguntaram sobre sentimento de vingança contra quem a atacou.
(Trecho retirado de: 5 destaques da palestra que marcou a vinda de Malala ao Brasil – Catraca Livre)