A importância da escola na formação de leitores

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No post anterior (O Papel da Leitura na Escola: livros didáticos) você viu a importância de livros didáticos serem democráticos e críticos na formação das pessoas. Agora vou falar da importância da escola na hora de formar leitores críticos.

A função da escola não tem sido a de promover a leitura, aquela que interessa a todos, ou aquela que é do interesse do coletivo. A escola tende a priorizar um tipo de leitura que, de tão solitária, azedou-se. Nessa escola, didatiza-se muito, mas pouco se exercita (o que esse texto tem a ver comigo/você? – pergunta que devemos responder aos alunos).

Necessita-se uma espécie de leitura em que se reconheça o outro como sujeito-construtor da própria leitura e leve em conta os sentidos não previstos no texto.

Incorporar a leitura no cotidiano das pessoas

A dificuldade de acesso aos livros também impede que a leitura seja incorporada no cotidiano em sua dimensão lúdica e prazerosa. A falta de leitura ou a sua associação a obrigações desagradáveis – as duas coisas – não ajudam o desenvolvimento da leitura. Essa realidade prejudica o desempenho na escola, restringe o desenvolvimento da criatividade e da capacidade de resolver problemas abstratos.

Num plano geral, isso serve para disseminar qualquer ideologia autoritária disfarçada ou não de democracia. Porque um país que não lê ou não sabe ler vai ao encontro dos interesses dos detentores do poder. Ou seja, a massificação e formatação do conhecimento humano. Um conhecimento que será usado num formato que apenas serve para trabalho ou coisas práticas, e que evita ser profundo ou crítico. Se não evitasse, seria um conhecimento que muda uma sociedade, que faz as pessoas evoluírem. Este tipo conhecimento, infelizmente, não aparece nas escolas. Somente o primeiro tipo.

A leitura e o mundo atual

Mas deixe-me voltar para o estudante, aquele ser que um dia será pai, mãe, cidadão, eleitor, profissional liberal, artista etc. A postura atual em relação ao processo de ler transforma a leitura em algo enfadonho, acrítico, mecânico e, dessa forma, distante de uma categoria que una o ato de ler ao prazer e ao crescer.

O mundo atual passa por uma revolução tecnológica. Isso está alterando profundamente as formas de trabalho e de interação entre as pessoas e as entidades, num contexto cada vez mais globalizado.

Dentro dessa linha de pensamento, a instituição escolar deve ser constituída num espaço que produza conhecimento (velho e novo, criativo e sustentável). Todo e qualquer processo de construção deve estar engajado numa prática democrática. Desse modo, educador e educando podem ser vistos como agentes e sujeitos simultâneos nas relações do ensino e aprendizagem.

Assim é possível valorizar a iniciativa às pesquisas, e a superação dos limites. Tudo em prol de uma atuação positiva, acompanhando a evolução da sociedade em constante mutação.

O que fazer?

O exercício da leitura e da escrita deve produzir reações, interações, debates. Deve gerar produções artísticas, produção de novos conteúdos em cima daquela leitura. As crianças e adolescentes devem discutir atualizações sobre as leituras que fazem. Tudo isso colabora para uma construção de subjetividade e de conhecimento.

Além dessa interação com o meio há as relações no processo de construção da linguagem. Algumas técnicas devem ser seguidas para tornar o ensino agradável e produtivo, sustentável e que valorize nossa cultura passada.

Por exemplo: trabalho com imagens, produção de textos, caminhada de leitura, atividades com rótulos, texto coletivo, criação de jornal da classe, jogos de rimas, músicas, teatro e o que mais a imaginação permitir. Encaixe isso na realidade da escola e dos estudantes e pronto! Agora é trabalhar para fazer acontecer.

Bons leitores não nascem em árvore: a menos que se plante

Não se formam bons leitores oferecendo matérias de leitura empobrecida. Principalmente naquele momento em que as crianças são iniciadas no mundo da escrita. As pessoas aprendem a gostar de ler quando, de alguma forma, a qualidade de suas vidas melhora com a leitura.

Por mais que haja empenho em se melhorar os índices brasileiros de leitura, nenhuma campanha terá sucesso se não levar em conta uma coisa. O quê? O fato de que os próprios professores também não cultivam o hábito de ler por prazer. Não estou falando dos livros técnicos ou o material didático. Porque tudo isso é leitura profissional, obrigatória.

O professor lê?

A formação cultural do professor também pode ser um problema. Vou escrever um período longo agora, com uma pergunta, então, prestem atenção. O que esse profissional da educação conhece de audiovisual, de tecnologia, de ciência, de história, geografia, de cultura pop, de HQs, Mangás, Animes, cultura africana, indígena, religiões diversas, dos clássicos, de literatura, enfim, o que realmente sabe sobre tudo isso?

O professor repete para o aluno a mesma visão de ensino que teve em sua formação. Fica a reflexão: como um professor que não lê pode estimular este prazer em seus alunos. Eu sei, é uma pergunta retórica, mas devemos pensar sobre isso também.

Por onde começar?

O desenvolvimento de interesses e hábitos permanentes de leitura é um processo constante. Inicia-se no lar, aperfeiçoa-se sistematicamente na escola e continua pela vida afora. E também é seguida pelas influências da atmosfera cultural geral e dos esforços conscientes da educação e das bibliotecas públicas.

Uma escola que deve oferecer aos alunos uma diversidade textual, para uma formação de leitores livres. Assim, é possível conceber a prática da leitura, não como habilidade linguística, mas como um processo de descobertas e de significados para uma interação entre leitor e mundo.

Todos devem se preparar

O professor precisa estar preparado para provocar em sala de aula discussões que possibilitem aos alunos estabelecer elos com outras realidades. Desse modo, se permite a efetivação de um contexto mais próximo da realidade lida com a realidade vivida.

Ler criticamente é admitir pluralidade de interpretação, desvelar significados ocultos, resgatar a consciência do mundo. Assim, se estabelece uma relação do mundo com o texto.

Afinal, é principalmente através da leitura que estudantes poderão encontrar respostas aos seus questionamentos. Na idade desses jovens, dúvidas e perguntas não faltam. Só precisamos mostrar que os livros têm um mundo de possibilidades mais rico do que o Google.

(Veja agora o próximo post sobre esse mesmo assunto: Leitura, literatura e crianças)

Jocimara De Pieri tem 10 anos de experiência na rede pública como professora em educação infantil e ensino fundamental I. Atua como psicopedagoga desde 2017 e é CEO da Recriar Acompanhamento Escolar & Orientação Pedagógica.

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